No passado dia 27 de Julho, o novo telescópio espacial James Webb observou o planeta Júpiter. A imagem foi divulgada dia 22 de Agosto e mostra num nível de detalhe verdadeiramente maravilhoso várias estruturas ligadas ao planeta, como são a famosa tempestade na sua atmosfera, os anéis, algumas luas, e o fenómeno da aurora nas regiões polares.
Júpiter
Júpiter é o maior planeta do nosso sistema solar, tanto em tamanho como em massa. O diâmetro é 11.2 vezes maior que o da Terra, o que se traduz num volume 1400 vezes superior ao do nosso planeta. A massa de Júpiter é 318 vezes maior do que a da Terra.
Como vemos a massa não acompanha o volume, quando comparamos com a Terra. Isso significa que Júpiter tem uma densidade muito inferior à do nosso planeta: Júpiter é 1.2 vezes mais denso que a água enquanto a Terra tem uma densidade de cerca de 5.5 vezes a da água.
Enquanto a Terra é principalmente rochosa, possuindo mesmo um núcleo metálico no seu interior, Júpiter é uma enorme bola de gás (95% do volume é gasoso), mas, assim com o Terra, também tem um núcleo mais denso. No caso do gigante gasoso, o “caroço” é uma mistura de rocha e gelo do qual sabemos muito pouco, mas que, só por si deve pesar 10 a 20 vezes mais do que a Terra.
Em astronomia chamamos unidade astronómica (abreviada UA) à distância da Terra ao Sol. Júpiter está a 5.2 UA do Sol e demora 12 anos a completar uma órbita. Por outro lado, roda mais depressa do que a Terra – um dia em Júpiter tem só 10 horas.
A imagem do Webb
Como se pode ver na imagem do Webb, Júpiter é um sistema complexo, com satélites, anéis, tempestades, aurora, etc.
Os anéis (indicados como Rings na imagem) não são como os de Saturno: são muito mais ténues, alimentados pouco a pouco por poeiras das luas Adrastea, Metis, Thebe e Amalthea.
Sim, porque Júpiter tem 80 satélites naturais, ou luas. Para além das que referi acima, as maiores e mais famosas são os chamados satélites de Galileu: Io, Europa, Ganymede e Calisto, que, à excepção de Europa, são todas maiores do que a nossa Lua. Abaixo vemos uma comparação dos tamanhos dos satélites de Galileu (a laranja) com a Terra, a Lua, Marte e Plutão.
Os satélites de Galileo chamam-se assim por terem sido descobertos pelo famoso cientista italiano entre 1609 e 1610. A descoberta de Galileo, graças ao seu telescópio que inventou, demonstrou que existiam objectos no céu que são invisíveis a olho nu, iniciando assim uma nova era em observações astronómicas. Além disso, as luas provaram a existência no sistema solar de corpos que não orbitavam a Terra, enfraquecendo a teoria geocêntrica do universo defendida pela maioria.
Para além dos “bem comportados” satélites de Galileu, que orbitam todos na mesma direcção e aproximadamente no mesmo plano, o sistema de satélites de Júpiter é complexo. Existem satélites com órbitas mais inclinadas e até retrógradas, i.e. que orbitam na direcção contrária.
A mancha bem visível na superfície do planeta é a chamada Great Red Spot. O nome vem da cor no visível, que é vermelha (ver abaixo). Na imagem de infravermelho do Webb a mancha aparece a azul claro. Trata-se de uma gigantesca tempestade anti-ciclónica com ventos que atingem os 430 km/h. As observações mais antigas da mancha remontam a 1665.
Finalmente, a aurora que se observa nos pólos de Júpiter é a mais brilhante e espectacular do sistema solar. O fenómeno é causado por partículas com carga eléctrica proveniente do Sol (o chamado vento solar) e guiadas até aos pólos pelas linhas de campo magnético do planeta. A rápida rotação (dias de 10 horas), o fortíssimo campo magnético (20000x o da Terra) e a interacção com poeiras vulcânicas provenientes do satélite Io são alguns dos aspectos responsáveis pela exuberância da aurora de Júpiter.
Saber mais:
- https://esawebb.org/images/jupiter-auroras3/
- https://en.wikipedia.org/wiki/Jupiter
- https://en.wikipedia.org/wiki/Rings_of_Jupiter
- https://en.wikipedia.org/wiki/Moons_of_Jupiter
- https://sites.google.com/carnegiescience.edu/sheppard/home/newjupitermoons2018?authuser=0
- https://en.wikipedia.org/wiki/Great_Red_Spot